Se você já ouviu, leu ou se deparou com a expressão ‘propósito’ em algum momento, acredito que tenha se questionado qual seria o seu. A expressão significa, em poucas palavras, aquilo que se deseja alcançar. Objetivo. Um desígnio. Aquilo em que se acredita.
A grandiosidade desse termo - e o que ele representa - podem passar despercebidos, mas não aqui, onde pretendo explorá-lo e entender alguns porquês, em especial o sentido de vivermos alguns períodos de transformação.
Há algum tempo venho pensando sobre meu propósito pessoal e profissional. Li alguns livros, assisti vídeos no Youtube, ‘rolei’ o feed de vários perfis que abordam o tema e imergi em conteúdos que divergem, criticam e refletem sobre a vida em sua essência, e o porquê de acordarmos todos os dias…
A expressão cunhada há bastante tempo ganha relevância quando falamos em empreendedorismo, local de fala, mercado de trabalho, política e marcas dos mais diversos segmentos. Em algum momento da pós-modernidade, período de grandes avanços digitais; sociais; culturais; comunicacionais; começamos a pensar sobre sentido da vida, de nossa profissão e de nossas escolhas. Sentimos que hoje, para realização e existencia de qualquer projeto, evento ou negócio, é necessário um propósito forte e definido. O que seria isso?
Autores como Roman Krznaric, Sebastian Marshall e Marco Aurélio discorrem situações cotidianas e os motivos de acordarmos cedo de vários dias por semana para entrarmos em uma incansável rotina durante a semana em busca da sonhada realização profissional e da transcendente "felicidade", quase inalcansável na liquidez da sociedade. De forma ampla, as passagens em suas obras colocam pontos de reflexão de nossas motivações primárias - como alinhar sua missão de vida ao trabalho, amor/paixão, junto ao que 'dá dinheiro'. Mas seria isso possível? Alinhar tantos fatores em um único caminho?
Como crença pessoal, acredito que sim. Apesar da angústia, medo e milhões de pensamentos autodestrutíveis é possível refletirmos sobre nossas motivações a ponto de encontrarmos nosso propósito. Claro que o caminho não será um 'mar de rosas'. Pelo contrário. Nossa busca por propósito começa em um momento de transformação pessoal. Um período de extrema importância para nossa vida. Em algum nível, quando decidirmos nosso propósito, ele tende a nos direcionar ao caminho correspondente à nossa decisão, que nos molda para construirmos a melhor versão de nós mesmos.
Parece confuso? Porque é. Nossa educação fundamental não nos incita a refletir sobre questões básicas de nossas vidas. como o propósito, por exemplo (pelo menos a minha não). De certo modo, fomos orientados a buscar uma profissão que nos satisfaz financeiramente e que nos ajude a contruir uma familia, pagar contas, fazer uma previdência, e por aí vai... Por óbvio, considerando o cenário socio-cultural, político e econômico do Brasil.
Propósito é uma atitude de autoconhecimento para ir além. É entender de si mesmo, seu lugar no mundo e como ele contribui de forma coletiva. Por essa razão é tão desafiador pensar em um tema como esse. Que define e norteia suas decisões. Muitas vezes, estamos perdidos, sem vontade, sem trajetória por falta de um propósito. Claro. Cada caso tem suas particularidades, sendo importante e respeitoso não generalizar.
De qualquer forma te convido a refletir: Será que você está tomando suas próprias decisões? Para onde elas estão lhe direcionando? Para onde você está indo? Existe algum destino?
Importante relembrar um diálogo da íconica obra Alice no País das Maravilhas, de 1865, por Lewis Caroll:
Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui? Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato. Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice. Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato.
Ou seja, caso não saibas para ondes queres ir, qualquer caminho serve.
Mas Pedro, como posso começar definir o meu propósito?
Acredito que existam diversas respostas para uma única pergunta. Milhões de propósitos que nos movem e fortalecem nossa vontade de agir, trabalhar e viver. Por isso, pensando em propósito como uma decisão, logo, uma construção singular e particular, não existem respostas concretas. Existem caminhos, mas não fórmulas ou receitas.
Para começar a refletir sobre isso, com calma, pense:
O que você ama nas suas atividades triviais, como hobbies?
Quais são suas motivações para levantar todos os dias?
Você é feliz com sua profissão? Está feliz trabalhando nessa área?
De que forma as suas ações contribuem para a construção de uma sociedade melhor?
Todas essas, são perguntas complexas e que talvez você não tenha a resposta na ponta da língua, mas talvez sejam um inicio interessante para reflexão, especialmente em momentos de isolamento social, em que somos condicionados a refletir e enfrentar realidades desafiadoras sobre nossa existência. O caminho é muito particular, por isso, esse texto pode ser o primeiro passo nessa nobre jornada de auto descoberta.
No momento em que descobri e entendi meu propósito, optei por começar minha marca profissional de Relações Públicas e ascender como pessoa/profissional.
Meu próposito é conectar pessoas.
Simples? Nem um pouco.
Complexas as mentes que conseguem se conectar. Indecifráveis as que conseguem compartilhar.
De coração, espero que encontre o seu propósito. E se você já encontrou, espero que essa leitura reforçe sua certeza.
Gratidão!
Inspirações:
Roman Krznaric, Como encontrar o trabalho da sua vida, (2012)
Sebastian Marshall, Ikigai, (2014)
Marco Aurélio, Meditações, (170 - 180 d.c.)
Revisão: Edson Heatinger
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